Na TSF oiço um professor de teoria política descrever o movimento Tea Party como «populista» e «profundamente demagógico» porque «se opõe a todas as medidas do governo democrata de Obama». Não gosto do Tea Party (por causa dos malucos de pistola em punho e bandeira dos EUA na testa) apesar de ter simpatia ideológica por algumas das suas posições, mas não deixo de ficar perplexo pela facilidade com que alguém arrisca a sua reputação académica com apreciações deste género, sobretudo porque em Portugal há um partido populista que se opõe a todas as medidas do partido do governo (seja ele qual for) e que não é tão rápido a ser apelidado de «profundamente demagógico» por professores de teoria política. Faz lembrar um pouco a crítica de cinema: quando a obra é portuguesa, há sempre nuances que atenuam o seu falhanço; quando a obra é norte-americana, é sempre o reflexo de uma sociedade primária, inculta e estranha, cujo sucesso comercial é um atestado à sua própria estupidez. Noutro plano, é também um exemplo em como o esforço para se perceber as «especificidades culturais» fica à porta dos países mais ricos que Portugal. Não deixa de ser uma atitude muito provinciana, mas é o que temos.
Adenda: Parece que o Filipe ouviu o mesmo que eu.