terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Iniciativa privada

PORDATA.

Boucherie

Entretanto ficou disponível o podcast da entrevista da Inês Meneses ao Pedro Boucherie Mendes, um dos nossos raros libertários.

(Vou agora ouvir a entrevista ao Tiago; o Tiago costuma ser um entrevistado muito bom, pelo que se eu não disser mais nada considerem a entrevista muito boa também.)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Madeira

A tragédia que aconteceu na Madeira veio lembrar-nos o mau que é o jornalismo português: 6 em cada 7 peças usam uma linguagem poética («a tragédia escorregou pela encosta», etc.) e todas recorrem ao termo «dantesco». Os especialistas também não ajudam: 39 segundos após ter começado a ouvir Anthímio de Azevedo, já este elaborava sobre a Cimeira de Copenhaga e as alterações climáticas. Assim não.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma notícia que interessa a quase tanta gente como as 100 que marcaram presença na semana passada na escadaria de S. Bento

Acho imensa graça a esta história dos blogues de campanha supostamente pagos pelo Estado. A ideia de pagar a alguém para escrever num blogue, ou melhor, de oferecer recompensas por textos escritos na internet como táctica eleitoral é encantadoramente absurda. Reparem, não digo que acho impossível de ter acontecido, digo que há alguém muito ingénuo aqui metido ao barulho. Só não sei se foi o aparelho do PS se os jornalistas que redigiram a peça. Blogues?

Uma afectação em segunda mão

(...) Como programa, o minimalismo é essencialmente reactivo: as suas cíclicas investidas são reacções contra heranças e consensos (opulentos, barrocos, fabulistas). O problema é que qualquer reacção eficaz está condenada a tornar-se um consenso. Quando a fórmula estabiliza e permite o acesso aos prosélitos, esquecem-se os motivos que levaram à austeridade; o jejum ornamental passa a ser apenas um sacramento: inócuo, ritualizado, algo que se continua fazer apenas porque já se faz há muito tempo. Nesta rota tortuosa e inevitável, uma radical inovação estilística transforma-se num maneirismo, numa afectação em segunda mão. (...)

Rogério Casanova (sobre Raymond Carver, embora possa ser sobre tanta coisa), na Actual de 13 de Fevereiro de 2010, um parágrafo que só li hoje porque fui a Londres gravar um álbum rock.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A petição que interessa

Rangel a um passo de avançar

Agora é a minha vez

Eu não gosto de José Sócrates. Nunca gostei, é uma embirração pessoal sem nenhum juízo político subjacente. Essa é a primeira. A segunda é que o acho um primeiro-ministro voluntarioso e incompetente, ou seja, perigoso (os magalhães, simplexes, e afins, revelam uma mente política com a qual não me identifico). A terceira é que não gosto do número de casos estranhos em que Sócrates se viu envolvido, com a licenciatura, o freeport e os projectos na Guarda à cabeça. É verdade que, até ver, Sócrates não está judicialmente envolvido em nenhum dos casos, mas ninguém me pode proibir de o considerar uma pessoa sem carácter e totalmente desprovido de virtudes públicas. Estas são as três razões que me fazem querer a sua rápida substituição do cargo que ocupa, porque acho que o cargo que ocupa deve ser ocupado por alguém que merece da parte do povo algum respeito e admiração. Comparado com isto, esta história da tentativa de controlo da comunicação social parece-me um pecado menor, e o seu empolamento na, lá está, comunicação social parece-me que se deve ao facto de esta ser uma uma alegada falcatrua que mexe com os jornalistas. E é algo paradoxal que todas estas reclamações contra o fim da liberdade de expressão fluam tão livremente nos meios próprios da liberdade de expressão. Não quero com isto menosprezar a gravidade dos supostos actos de Sócrates, nem a falta de dignidade deste conjunto de intervenientes menores (os penedos e os varas); quero apenas lembrar que Sócrates há muito que tem razões para ser afastado do lugar de primeiro-ministro. Tentar calar a Manuela Moura Guedes não é certamente a mais forte delas.

Mas também estou a favor de aquilo de se tirar o Sócrates de lá

Há um novo conceito no futebol, cortesia Miguel Salema Garção: «expulsão exagerada».

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

5 minutos num átrio

O sector público veste pior.

Paulo Rangel

Parafraseando Gabriel Alves, há que não ter medo de ser feliz.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Moja've

Avatar nunca seria um filme para se levar a sério, mas a amplitude da ambição de James Cameron em fixar o zeitgeist (do ponto de vista da consciência liberal de hollywood) destrói o encantamento que toda a técnica promove, quando percebemos que os bons são simultaneamente os índios, os iraquianos e a greenpeace, e os maus são, enfim, Bush e Wallstreet. Também apreciei a classificação para maiores de 6: deve ser muito difícil ser uma criança mentalmente saudável nos dias que correm.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Deco, uma história triste

Numa das edificantes escutas que foram parar ao YouTube, Deco é ouvido a colaborar numa campanha de instrumentalização da selecção nacional como forma de chantagem em benefício do Porto e do próprio. Agora, fica a saber-se que Deco se acha, aos 32 anos, «velho» para a selecção e que a abandonará depois do Mundial. Como atenuante há o facto de Deco não estar sozinho neste tipo de atitude: é frequente os jogadores rastejarem aos pés de quem seja para serem chamados à selecção quando isso ainda pode ter influência num futuro contrato para depois a abandonarem quando lhes apetece. O «velho» de Deco é isto mesmo. Não que Deco se ache pouco importante para a selecção, ou que a idade já lhe prenda as pernas; não, o que Deco sabe é que aos 32 anos já não vai a lado nenhum. Se Queiroz tivesse tomates (nunca os teve) deixaria imediatamente Deco de fora do Mundial (Ruben Micael já) e deixaria bem claro que à selecção vai que a selecção quer. E que Deco - e agora é impossível mascarar alguma xenofobia ligeira - deveria estar agradecido ao país que lhe inventou a carreira e mostrar-se disponível para a selecção nem que fosse para carregar as garrafinhas de isostar para dentro das quatro linhas.

No que toca à honra do futebolista antes o encornanço do Terry.

Adenda ao post anterior

Como repararam, no post anterior teço considerações sobre um filme que não vi. Uma habilidade que me vai ser muito útil no futuro próximo, pelo que me tem sido dito pelas pessoas que já experienciaram («visionamento», «experienciar», «vivenciar», «empenhamento», «centralidade», «acessibilidades», «possuir» no lugar de «ter» - agora os agentes imobiliários dizem-nos que «a casa possui duas casas de banho» -, etc., etc., etc.) o milagre da vida.

Sei lá

Invictus, de todos os filmes que eu não vi, foi o que mais me desiludiu até hoje. Ando triste e desanimado com isto. E de tudo o que li sobre o filme, este texto do Luís Miguel Oliveira parece-me o mais definitivo: mesmo sem ter «visionado» a obra, é aquilo de certeza. O que se passa com Clint Eastwood? Como diz o LMO, sei lá. Se calhar está só a ficar velho e cansado. Um direito que ele há muito conquistou, como já nos foi explicado em sede própria.

Voltemos ao jogo, pois

«Voltemos ao jogo, pois, como todos sabemos, uma mentira repetida muitas vezes facilmente passa por verdade.

Estas imagens não são do túnel. Repito: não são do túnel.

Nas imagens a primeira coisa que se vê é o Di Maria a chutar rasteira a bola para o banco do Braga enquanto cospe para o chão – para o chão!

Os jogadores do Braga, como foram provocados pelo Di Maria e tinham-no ali à mão, o quê que fazem o quê que fazem? Começam a rodear o Saviola! Vejam bem as imagens!

Repito: com a Di Maria, que “os provocou”, à mão de semear, jogadores do Braga rodeiam o Saviola. Penso que a tese de que o Di Maria desencadeou tudo isto e os jogadores do Braga só se tentam vingar dele fica explicada.

O que vemos a seguir.

1) Jogadores do Braga a empurrarem o Saviola sem qualquer razão para isso e sem que este reaja. Di Maria longe e sem ser incomodado pelo jogadores do Braga.

2) Vandinho a pontear cobardemente um adjunto do Benfica, que se encontra de costas a tentar evitar que haja confusão.

3) Cardozo chega à confusão e com o braço tenta separar os jogadores do Braga do adjunto do Benfica – exactamente o mesmo que o adjunto do Braga tentava fazer. Vejam bem, o braço do Cardozo está entre a confusão a tentar separar as partes e a sua mão firme no peito, no peito caralho, do Paulo Sérgio, que, refira-se, nem se encontra muito incomodado com isto – nem sabia de quem era a mão que estava no seu peito.

4) Mossoró e Ney procuram afastar à estalada o Cardozo; o Mossoró repetidamente.

5) Vê-se um polícia a fugir da confusão, ou seja, em vez de pôr na ordem delinquentes como Vandinho, foge da confusão. Tão típico da polícia que vou-me abster de comentar.

Conclusão na hora:

1) Cardozo é expulso ninguém sabe porquê, e um central do Braga, ninguém sabe também porquê, também é expulso; Benfica fica sem o seu melhor marcador e o Braga sem um central.

2) Vandinho, Mossoró e Ney ficam em campo e jogam impunemente nos jogos seguintes, construindo o grande Braga.

3) Benfica perde o jogo, isto é, o Braga fica três pontos à frente.

Conclusão agora:

1) Vandinho, um cobarde delinquente, é suspenso 3 meses. É pouco. Delinquentes violentos e cobardes não deviam ficar suspensos, devia ser pior.

2) Mossoró e Ney são suspensos uns jogos.

Que grande surpresa.»


No Shakira Kurosawa

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Dia de sol

Uma andorinha não faz a primavera, mas a verdade é que eu ontem vi o primeiro umbigo de 2010.

Hã?

Hã?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Rogério, ajuda-nos

If you really want to hear about it, the first thing you'll probably want to know is where I was born, and what my lousy childhood was like, and how my parents were occupied and all before they had me, and all that David Copperfield kind of crap, but I don't feel like going into it, if you want to know the truth.

The Catcher in the Rye, J. D. Salinger

Pegando neste post do john:

Se querem mesmo saber, a primeira coisa vão querer ouvir é onde eu nasci, e como foi a minha péssima infância, e qual era o emprego dos meus pais antes de me terem, e todas essas merdas à David Copperfield, mas não me apetece falar disso, para ser sincero.

E tu, como traduzes o teu Salinger?