Rogério Casanova (sobre Raymond Carver, embora possa ser sobre tanta coisa), na Actual de 13 de Fevereiro de 2010, um parágrafo que só li hoje porque fui a Londres gravar um álbum rock.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Uma afectação em segunda mão
(...) Como programa, o minimalismo é essencialmente reactivo: as suas cíclicas investidas são reacções contra heranças e consensos (opulentos, barrocos, fabulistas). O problema é que qualquer reacção eficaz está condenada a tornar-se um consenso. Quando a fórmula estabiliza e permite o acesso aos prosélitos, esquecem-se os motivos que levaram à austeridade; o jejum ornamental passa a ser apenas um sacramento: inócuo, ritualizado, algo que se continua fazer apenas porque já se faz há muito tempo. Nesta rota tortuosa e inevitável, uma radical inovação estilística transforma-se num maneirismo, numa afectação em segunda mão. (...)