sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Um optimismo que morreu
O edifício do gaveto das ruas Braamcamp e Alexandre Herculano sempre me pareceu um símbolo do optimismo dos anos 80 de Lisboa. É uma das minhas memórias mais antigas, aquela intrusão amarela perto do largo do Rato. Não sei quem o desenhou, e não o acho um desenho particularmente inspirador. Mas a coragem do amarelo sempre me marcou. Há alguns anos que merecia umas obras, e elas aí estão. Para meu grande desgosto, pintaram-no de branco. Agora parece um código de barras triste e resignado, com medo de ser o que é, com vergonha do que já foi. Pode ser que as "empresas" gostem mais dele assim e o ocupem com mais dignidade, mas é uma parte da Lisboa da minha infância que morre. Não surpreende, porque o optimismo que lhe esteve na génese há muito que morreu.