terça-feira, 29 de outubro de 2013
A vingança de Bárbara
Carrilho tem há 12 anos uma mulher impossível. Há 12 anos que olhamos para o Manuel Maria e para a Bárbara e a primeira coisa que nos vem à cabeça é «Como é que ele conseguiu?» E a segunda, «O que vê ela nele?» Há 12 anos que o conjunto de respostas possíveis a estas perguntas tem contribuído para aquilo que parecia impossível: inflacionar o ego de Manuel Maria Carrilho. Este pormenor da sua vida privada - e, por força das circunstâncias e opção dos dois, pública - tem vindo a defini-lo mais do que qualquer outra coisa. Manuel Maria Carrilho é o marido de Bárbara Guimarães. A rejeição de que está agora Manuel Maria a ser alvo é-lhe, por isso, insuportável e inaceitável. É uma parte de si que desaparece - a melhor parte, como é óbvio para toda a gente. Talvez isso ajude a explicar a loucura em que o professor Carrilho, eminente pensador da polis portuguesa, submergiu nos últimos dias. Amor-ódio, como diz o povo. Carrilho está tomado pela ira do cornudo, do rejeitado, do homem que perdeu a sua trophy wife. Daqui a uns dias, umas semanas, Carrilho cairá em si e detestar-se-à mais do que detesta Bárbara. Verá que o que fez nunca lhe será perdoado, e viverá o resto dos seus dias isolado, condenado a assistir a um renascimento - social e, atrevo-me a dizer, físico - de Bárbara, uma mulher que, aos quarenta anos, é desejada por adolescentes e senadores. A vingança servir-se-à fria.