PSD: Apesar de Passos Coelho ter acabado bem a campanha (e não nos podemos esquecer do debate com Sócrates que terá sido o momento decisivo), o PSD beneficiou de muita coisa junta. Beneficiou das sondagens - conheço muita gente que foi votar ontem convencido de que estava em risco a vitória do PSD -, beneficiou do voto descontente - e grande parte do voto descontente vem da função pública, ou seja, um mar de gente que vai rapidamente ser desiludida pelo PSD - e beneficiou de um erro clamoroso de Paulo Portas: não se pode anunciar que se é candidato a primeiro-ministro de boné.
CDS: Seja como for, foi um óptimo resultado para o CDS. Conseguiu ganhar três deputados num cenário de forte crescimento do PSD, algo inimaginável há alguns anos. Conheço muita gente que votou pela primeira vez no CDS, gente que vota tradicionalmente no PSD. Foi Portas quem retirou a maioria absoluta a Passos Coelho.
CDU: Mais uma grande vitória eleitoral do PCP e do seu atrelado semântico, a Heloísa Apolónia.
BE: O Bloco de Esquerda conseguiu a proeza de ser o grande derrotado da noite. Perdeu metade dos deputados e não conseguiu um único voto oriundo do PS. O Bloco está num beco sem saída, e muito provavelmente a saída de Francisco Louçã só irá piorar as coisas. É o partido que conhece pior o seu eleitorado: a recusa de negociação com a troika terá sido o maior erro (apesar de eu estar convencido de que o problema é mesmo o cansaço mediático de Louçã).
Só mais uma coisa: o voto é sempre «útil». Em última análise, as pessoas votam sempre em quem querem votar. Em democracia não há vitórias morais.