segunda-feira, 3 de julho de 2006
Vila utopia 2
Reparem nos materiais, os tacos no chão, a pastilha no banco/guarda, as paredes e o tecto rebocados a branco, sem sanca, sem nada; a curva imperfeita que se deforma por cima da janela (provavelmente por limitações na técnica construtiva, sinal de que o arquitecto não se conformou, tentou), a geometria inquieta, a luz milimétrica, a perfeita noção de que tudo aqui foi arriscado, experimentado, imaginado. Faz-nos bem sair da perfeita banalidade do bom gosto em que caiu a arquitectura portuguesa (abram uma revista qualquer da especialidade), e visitar a obra doutros lados do mundo. Por acaso, desta vez foi Moçambique, mas qualquer coisa para lá de Badajoz serve, especialmente se disser respeito a obras de baixo orçamento, onde a criatividade e a inteligência ainda não precisas. De resto, são caixas brancas, estúpidas caixas brancas com plasmas e recuperadores de calor, cozinhas equipadas e retretes belíssimas, tudo quadrado, rectangular, alinhado.