segunda-feira, 2 de outubro de 2006
Dia Mundial dos Arquitectos
É sintomático que a Ordem dos Arquitectos, a propósito do Dia Mundial da Arquitectura (que, reparo, é hoje), organize uma série de visitas a ateliers, numa coisa a que chamou Atelier Aberto. E que, paralelamente, organize umas visitas a obras (Reunião de Obra) por si seleccionadas. Os nomes, esses, são sempre os mesmos: o arquitecto recebe a malta no seu atelier, o arquitecto mostra à malta uma obra sua, o arquitecto é moderador num debate. Em vez de se virar para fora, para a sociedade civil, para a cidade, para o território, a Ordem dos Arquitectos assume o papel de menina mais gira da festa. Tudo transborda narcisismo e arquitecto-centrismo. O autor assume o papel principal, a arquitectura, essa «linguagem universal», fica reduzida a uns objectos lindíssimos e a uns estiradores arrumadíssimos. Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais belo do que eu?