segunda-feira, 9 de junho de 2008
Terra batida: uma vergonha
Que um jogador como Rafael Nadal acabe de ganhar (outra vez) a Roger Federer por 6-1, 6-3, e 6-0, só prova que a terra batida devia ser eliminada de uma vez por todas da lista dos pisos oficiais para se jogar ténis. Não digo que Nadal seja medíocre (mas sem o dizer já o disse), ou que seja o melhor dos medíocres (mas sem o dizer, bla bla bla), mas peço-vos que vos lembreis dos especialistas de terra batida dos últimos anos e procurem nessa lista jogadores memoráveis. Não há. Há sim jogadores memoráveis que também foram memoráveis na terra batida (Borg, Lendl, e já vamos nos anos 80). Mas o especialista da terra batida, aquele jogador que volta não volta vem dizer que já ganhou tudo o que havia para ganhar mas mesmo assim não chega a número 1 (Muster), esquecendo convenientemente que o ténis não se joga só sobre o saibro, é um jogador que vinga por tirar partido das características do pó-de-tijolo: ressaltos nas linhas, jogo lento, mais pernas do que o adversário, gostar do vento, buracos a meio do court, mais vento, mais ressaltos, mais bolas rápidas que puxam do travão de mão mal tocam no chão, mais vento, etc. A terra batida julga ser o mais democrático dos pisos, mas só o é na asserção comunista de democracia: igualdade em vez de liberdade. A terra batida nivela por baixo, reduz tudo à semi-mediocridade, e vai tornar-se responsável por nunca ter dado um Grand Slam aos dois maiores jogadores de ténis da história da humanidade. É uma vergonha.