quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Esta observação astuta que vos deixo

Fui à câmara. Como modelo de civismo que sou, não pude deixar de ir de metro. À saída, nada. Não estava lá ninguém. Tratei dos meus assuntos e voltei, em 20 minutos. As escadas do metro que se encontravam desertas estavam agora ocupadas por uma menina que entregava panfletos. Por causa da chuva, peguei num (tive pena dela). O panfleto, sem surpresa, não me interessou. Como não interessou a quase toda a gente. Como sei isto? Sei isto porque o chão do túnel de acesso à estação estava cheio de panfletos no chão. Eu contei-os (a minha mente precisa de ocupação permanente): 78. Num espaço de - no máximo - 20 minutos, 78 pessoas acharam normal deitar lixo para o chão de uma estação de metro. Não estávamos em hora de ponta, longe disso. Pouca gente passou por ali, o que me leva a concluir que a percentagem de pessoas que acha normal deitar lixo para o chão das estações de metro é muito alta. Era um panfleto pequeno, na estação há vários caixotes para lixo: estamos na presença de um acto instintivo. Se quisermos, de um modo de estar. Eu já não fico triste, nem surpreendido. Só fico surpreendido com o Eduardo Pitta, que agora meteu na cabeça que vai conseguir convencer os desempregados a mudar fraldas a velhotes nos hospitais.