Gostar de Cristiano Ronaldo era também um acto de resistência. Perdoávamos-lhe o narcisismo, o provincianismo, o deslumbramento, a iliteracia e a bazófia porque os seus opositores eram muito piores. Ele nunca foi um dos nossos por isso nem sequer era necessário apelar ao pronto sentimento de classe. Consagrar-lhe tão obeso estatuto de estrela era uma maneira de continuar a preservar no futebol um dos seus maiores trunfos: o jogo é uma vibrante perda de tempo.
Agora saímos órfãos. Com esta trôpega clonização CR9 arrumou moralmente as botas.
Tiago Cavaco, 09-07-2010