quarta-feira, 5 de junho de 2013
Dois anos de PSD-CDS
Estes dois anos mostraram que foi um erro ter chumbado o PEC-IV e provocado eleições antecipadas. Não porque o PEC-IV fosse solução para alguma coisa, mas porque, com PEC-IV ou com MoU, estes dois anos seriam sempre muito penosos e desgastantes politicamente. Se não estivesse refém da imprudência que são as «directas», o PSD deveria ter percebido que 2011 não era o ano certo para chegar ao poder. Devia ter esperado que fosse o PS a aplicar as medidas inevitáveis de aumento de impostos e cortes nos apoios sociais; devia ter obrigado José Sócrates a cumprir esse papel. Mas Passos Coelho percebeu que o PSD não o toleraria mais tempo na oposição e trataria de o substituir entretanto. Por isso, saiu-nos a fava, um governo liderado pela dupla Passos Coelho / Miguel Relvas, dois políticos que não são melhores do que a pior dupla que já liderou o PSD, os inefáveis Luís Filipe Menezes e Ribau Esteves. O resto é incontroverso: foram dois anos de pesadelo, que só um primeiro-ministro muito hábil poderia ter tornado diferente. A substituição de Miguel Relvas por Poiares Maduro (e Marques Guedes), e a eventual remodelação nas finanças a acontecer até ao final do ano, darão ao governo uma estabilidade que, aliado ao facto de o PS estar confortável com António José Seguro, levarão este governo até 2015, onde a única questão em aberto será saber com quem irá o PS coligar-se.