segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Breves da noite de ontem

- A notícia mais relevante de ontem veio da Madeira, se nós ainda ligássemos alguma coisa ao que lá se passa. Jardim foi cilindrado, o jardinismo morreu. Enterrem-no;

- O PSD foi varrido do mapa autárquico, como esperado, abrindo lugar a subidas impressionantes do PS, da CDU, e do CDS;

- Os resultados da CDU no Alentejo provam aquilo que o PCP anda a dizer desde a assinatura do MoU: o país está a andar para trás. 30 anos, mais precisamente;

- Costa, que está longe de ser um político entusiasmante, é hoje a figura mais consensual em Portugal. Ao contrário do que muita gente diz, a sua vitória em Lisboa não é uma vitória da «esquerda»: é uma vitória, com número cavaquistas, do centrão;

- Onde estão todos os lisboetas que odeiam de morte as obras na rotunda do Marquês?

- O PS obteve o maior resultado de sempre à custa de ser o partido melhor colocado debaixo da árvore dos votos do PSD. Apesar de tudo, Seguro está para ficar e será primeiro-ministro de Portugal. Quem não gosta, não come;

- Rui Moreira, uma figura simpática, fez o impossível: ganhou correndo pela pista de fora, apesar do apoio de quase todo o establishment conservador do Porto. Candidato independente é ele, e mais ninguém. A sua vitória pode ser comparada à de Costa em Lisboa: em ambos os casos, o eleitorado escolheu que tudo ficasse como estava (Moreira era quem mais garantias dava de continuar o trabalho de Rui Rio, de quem tinha apoio);

- Tiram a televisão ao Bloco de Esquerda e o partido desaparece completamente. Mesmo em Lisboa: João Semedo, o líder (um dos líderes, ou «coordenador-geral», ou lá como chamam) falha a eleição. Ganham o prémio Muhammad Saeed al-Sahhaf da noite, ao multiplicarem-se os discursos de congratulação pela derrota do PSD; 

- A declaração mais infeliz da noite foi proferida por um porta-voz da campanha de Seara: ali estava, uma pessoa do partido de Durão Barroso, a dizer que esperava que Costa cumprisse os quatro anos e que não tivesse «enganado» os lisboetas. Haja topete;

- Pela primeira vez na história, um recluso ganhou eleições em Portugal;

- O PCP ganhou Loures e está encontrado o sucessor de Jerónimo: chama-se Bernardino e disse aquilo - há 10 anos - sobre a Coreia do Norte;

- Ricardo Rio ganha o bastião socialista que era Braga. Uma das poucas vitórias da noite do PSD;

- «Cristiano Ronaldo felicita Rui Costa e João Sousa»: patético, lamentável, vão todos para o raio que os parta.