quarta-feira, 26 de abril de 2006
Emigrante descartável
Gosto de passar pelo aeroporto, ao longe. Sonho acordado com as idas, das que ficaram na memória e das que esperam para acontecer. Não me preocupa o destino, e do aeroporto não vejo mais do que a partida. Curiosamente, este fascínio aumenta de noite, e isto não está apenas relacionado com as luzes brilhantes: à noite, lembro-me dos regressos (regressamos sempre de noite, por oposição às partidas matinais). Percebo que gosto de ir para poder voltar. Pode ser uma choldra, mas é a nossa choldra. E o aeroporto é aquilo que permite que a nossa choldra não se torne irrespirável. No fundo, será um problema de apneia.