domingo, 9 de abril de 2006

E eu que devo ter todos os seus livros na estante

Manuel Graça Dias, na semana passada, no Expresso:

Não sou grande frequentador de blogues. (...)
Um dias destes li, não sei onde (e não é snobismo, na realidade não saberia lá voltar), qualquer coisa do género: «[...] Manuel Graça Dias, que se está a tornar um caso clínico - não consegue escrever três linhas que não fale em transportes públicos [...].
Para desespero (?) deste meu leitor, aqui vão, então, mais algumas linhas sobre o tema. (...)

«Um caso clínico», in Actual 01.04.06

Corrijo a citação [Manuel Graça Dias (que começa a tornar-se num caso clínico: não consegue pronunciar três frases seguidas sem usar a expressão «transportes públicos»)] e indico a fonte. Tratados os pormenores, avancemos para o essencial. Apesar de Manuel Graça Dias pensar o contrário (mais à frente no texto acusa este «nosso amigo blogue» de não se incluir entre aqueles que já perceberam que é preciso uma «radical mudança» para «alterar o estado das coisas»), partilho esta sua preocupação. Acabei mesmo de comprar uma casa num sítio que deixa os meus amigos muito preocupados: então e o estacionamento? A verdade é que não gosto de carros, e gosto de não ter que os usar. Mais: a grande parte do atrito que vivo com a minha Lisboa nasce da relação perturbada que a cidade tem com o automóvel, e da relação freudiana que o português mantém com o seu veículo. Portanto, quanto a este leitor específico, Manuel Graça Dias pode esperar um apoiante da sua causa. Ou seja, para além da escrita (que sempre aprecio) neste caso adiro ao conteúdo, o que nem sempre acontece com as palavras do arquitecto. As palavras que aqui escrevi e que ficaram na memória de Graça Dias não eram mais do que uma irónica provocação ao mais exposto dos falantes de arquitectura do nosso país. E como este blogue de snobismo também não tem nada, escancaram-se desde já as portas e abrem-se os braços para receber Manuel Graça Dias. Venha daí, arquitecto, esta casa é de confiança.

P.S: Só há dois dias dei pelo texto. Na semana passada, quando o vi pela primeira vez, passei à frente, pouco motivado que fiquei para ler, mais uma vez, Graça Dias sobre a mobilidade urbana. Portanto se calhar há aqui um certo «desespero», mas apenas porque em cada texto sobre o tema, Graça Dias desperdiça uma oportunidade de se dispersar sobre outros assuntos, coisa que tão bem sabe fazer.