maradona vintage 2007, aqui em cópia integral, porque sabemos que a erosão costeira do A Causa Foi Modificada é manifestamente mais acelerada do que a blogoesfera média:
Uma pessoa fica doente (a 8.03.07)
Joana Amaral Dias republicou um texto que Rui Tavares terá feito sair no Público. Enfim, já se sabe e o problema será sempre o mesmo. Um pequeno apontamento de reportagem, dado que o assunto em si está muito para além do irresponsável eixo ideológico Helena Matos - Rui Taveres:
"Mas porque para confirmar a subida das águas dos mares à escala global basta consultar fotos aéreas das costas oceânicas, algumas delas em áreas sem construções da África ou da América do Sul."
Ai sim? É extraordinário que no texto se repita duas ou três vezes a expressão "Qualquer cientista aprendiz". Não quero ser mauzinho, por isso não vou comentar como me apetece. Mas a verdade é que o descuido e a preguiça em locais de responsabilidade e sobre assuntos importantes deixam-me fora de mim. Uma pessoa já está habituada à facilidade de pensamento da professora doutora joana amaral dias, mas ao Rui Tavares uma pessoa deseja sempre mais.
O que qualquer "cientista aprendiz" diz a Rui Tavares é que se os mecanismos tectónicos (como o de 1755) parassem por uns poucos (muito poucos, até) milhões de anos todo o planeta seria um único mar com belo fundo de areia. Nem um continente nem uma ilha restariam. E porquê? Porque, como o Rui Tavares pode verificar num dia destes que vá ao Guincho, o mar bate sem parar nas arribas e nas praias e, a bem dizer, no que quer que se lhe oponha. É assim, naturalmente, com CO2 ou sem CO2, com subida do mar ou sem subida do mar. Aliás, o nivel do mar poderia estar a baixar que a erosão costeira manter-se-ia e a tendência geral de desaparecimento das plataformas continentais num mar azul com areia no fundo não se alteraria minimamente (apenas o seu periodo temporal, e mesmo este, não sei se muito significativamente).
As fotos a que o Rui Tavares se refere na América do Sul ou em Àfrica (mas ele podia ter-se referido à Costa Vicentina) são imagens que mostram o efeito de fenómenos que ocorreriam com ou sem aumento do nível médio do mar. Não "basta consultar fotos aéreas" coisíssima nenhuma, é preciso perceber isto, caralhos ma´fodam. Uma pessoa dá essa merda no oitavo ano de escolaridade na disciplina de Ciências da Natureza (que espero que ainda exista), cona da mana, não foi preciso ir para sedimentologias e geomorfologias e mais não sei o quê para aprender isso. Porque é que o Rui Tavares não sabe isso? Acha que as arribas de Sagres não recuaram entre o ano 1755 e o ano 1900? Um dia mostro-lhe umas estimativas da professora Adelaide.
E a Costa da Caparica, também referida pelo Rui Tavares, que dizer? Para falar sobre isso não deveria o Rui Tavares saber que há menos de uma centena de anos o mar, ano sim ano não, entrava periodicamente pelo cordão dunar adentro até mesmo à base da arriba (hoje a quase um quilómetro da linha de costa - é a descida do nivel m+édio dos mares!), o que significaria, nos dias que correm, o alagamento total da povoação da Costa da Caparica (que era o que, de facto, acontecia... e que só se tornou dramático porque as casas passaram a ser construidas para durarem décadas em vez de meia duzia de anos).
Quanto muito, - e aqui ponho no terreno toda a minha simpatia -, o que, eventualmente, interessaria para esta questão era saber de uma eventual aceleração positiva da velocidade de erosão. E essa aceleração não é, com certeza, detetável por "fotos aéreas". Até a Fátima Campos Ferreira percebe isto: a erosão costeira é um fenómeno permanente e inexorável, sendo que a variação da sua intensidade será cientificamente acessivel apenas através de factores de extrapolação (como por exemplo a medição directa da subida no nivel medio das aguas dos oceanos), e nunca através da observação de todos aéreas.
E se se continuar a falar de "aceleração" da erosão, então, e para quem não queira acreditar no caralho da subida do nivel médio dos oceanos (também há destes por aí), põe à frente do Rui Tavares fotos de certas partes da península italiana, que, ui ui ui, tem vindo a, como dizer, deserodir-se: ali a plataforma continental está a subir... o mar a bater-lhe todos os dias na linha de costa, o mar, valha-me deus, a subir dramaticamente, num toma toma toma incessante, e mesmo assim a linha de costa está a ganhar terreno ao mar!, e uma coisa a um ritmo detectável historicamente, visivel até nos registos históricos que são a vida do Rui Tavares.
O que Helena Matos e Rui Tavares andam a fazer é, no fundo, a tratar de destruir metodicamente qualquer partícula de seriedade pública neste assunto. Como cada um é mais ideologicamente apegado que o outro à sua moral, tudo o que lhes sirva -mesmo que distantemente - para a puta da metaforazinha sobre os tempos em que vivemos é uma arma considerada válida.
Para uns a temperatura não está a subir e os mares não estão a subir. Para outros isto para o ano estamos com mais 20 graus em cima e já não existirão continentes. Cada um pega nos seus cientismos de eleição: Um nevão na Arábia Saudita desmente o aquecimento global. Um verão seco confirma-o.
E agora há esta nova fase, que é a dos que, como Rui Tavares e a Joana Amral Dias hoje, desbocam babuseiras sem sentido e que, no fundo, só tornam a vida fácil a quem tem tão maus instintos como eles (mas do lado contrário).
Mas vamos ser justos. O Rui Tavares não está a querer discutir os problemas levantados pela erosão costeira ou as chatices (inúmeras, como inúmeras são as chatices que resultarão do combate a estas chatices - e esta é a discussão importante, não outra qualquer) que as alterações químicas na atmosfera nos vão, inevitavelmnete, trazer. Está num programa lá dele. Por isso se pode dar ao luxo de ser impreciso, ilógico, desinformado, óbvio, simples e irresponsável nas matérias de facto (em si, de facto, pouco importantes para o campeonato do Rui Tavares está a querer jogar nesta crónica).
Em concreto, Rui Tavares estava a querer despachar um texto com a dificultosíssima (ironia de que Rui Tavares se tentou safar com uma - muito a propósito - confissão preemptiva) tarefa de assinalar as diferenças entre Al Gore e as excplicações moralo-geológicas de um padre do sec XVIII, às quais, segundo parece, Helena Matos se referiu.
Podia te-lo feito (até porque, palpita-me, era merecido) sem desinformar o inocente.