quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bolaño

Eu também ando a ler Bolaño - não, não é o 2666 porque eu não sou do meio e não tive acesso ao pdf -, mais precisamente Estrela Distante, e, depois de ter lido também Os Detectives Selvagens, chego a uma conclusão que me parece bastante perspicaz: Bolaño é um page turner sem plot. Nos livros em que nos costuma acontecer o que nos acontece com os livros de Bolaño, pelo menos em Estrela Distante e Os Detectives Selvagens, porque eu, porque não sou do meio, não tive acesso ao pdf, isto é, subir por nós acima uma insaciável fome de páginas, acontecem geralmente coisas que levam a que outras coisas acontençam também que sugerem que mais coisas poderão vir a acontecer (não, não, se alguém me fala do Stieg Larsson puxo já da pistola), mas em Bolaño tudo o que acontece parece ser marginal a uma hipotética espinha dorsal do «enredo» que nós nunca chegamos a detectar. No fundo, Bolaño persegue aquilo que todos os romancistas perseguem, que é a suspensão da descrença do leitor, e fá-lo de um modo bastante contemporâneo, que eu descreveria deste modo: em Bolaño há um princípio, meio e fim similares aos princípios, meios e fins das nossas vidas, quase sempre sem grande explicação (eu tinha aqui uma frase rascunhada que falava na «ausência de uma coerência macro-narrativa» mas tive vergonha.)