Também não quero com isto atribuir a derrota do PSD de Manuela Ferreira Leite a uma certa inaptidão comunicativa: pode não ter passado a mensagem toda, mas passou grande parte dela e o país foi taxativo a recusá-la. E mais uma vez se mostra que as lideranças à direita no PSD não costumam ser bem sucedidas. O caminho da vitória do PSD é sempre o centro e o centro-esquerda (Cavaco e Durão), o que torna difícil a tão afamada clarificação ideológica do partido de Sá Carneiro.
Para além do voto do centro, o PSD também perdeu algum voto à direita para o CDS, que se assume como um dos poucos consolos da noite: ficar à frente do Bloco de Esquerda transforma o partido numa hipótese para entendimentos parlamentares com o PS, fragilizando assim a hipótese albanesa de ter Louçã no governo.
E vamos ver como lidará Sócrates com um governo sem maioria. Provavelmente vai, mais uma vez, vestir uma nova pele e assumir uma nova voz.