quinta-feira, 4 de março de 2010

Vítimas

À frente da porta principal da CML (ali no Campo Grande) estavam 17 pessoas em greve. Vestiam coletes amarelos (parecia um acidente em cadeia) e ostentavam faixas com palavras de ordem. Um deles dizia: «Basta de serem os funcionários a pagar a crise». Um deles tirava fotos e ria-se. Os outros contavam anedotas. Estão, aparentemente, «fartos de pagar a crise». E como estão os funcionários públicos a «pagar a crise»? Estão a ver os seus ordenados descer? Estão a ver os seus subsídios acabar? Estão a trabalhar mais do que as estafantes 7 horas diárias (com excepção para os que estão de baixa psiquiátrica e afins)? Estão a ser despedidos? Não. Os funcionários públicos (enfim, aqueles 17) estão convencidos de que estão «a pagar a crise» porque não vão ser aumentados. É difícil acreditar em tamanha ignorância, mas é mesmo verdade: há pessoas que estão convencidas de que «a crise» se paga com congelamentos de salários. Para aqueles que realmente estão a pagar a crise (os desempregados) isto é uma afronta que deveria ser corrida ao pontapé.