Não acho que Match Point seja um filme assim tão diferente de Woody Allen. À primeita vista, pode crer-se que a ligeireza da comédia foi substituída pela grandeza da tragédia, o que logo à partida categoriza mal os filmes de Woody Allen (a comédia sempre foi um meio, nunca um fim). Ele assim o tenta camuflar durante boa parte da história, mas se repararmos bem, Woody Allen não conseguiu resistir a dar o mesmo ritmo e tempero irónico e humorístico ao desfecho final (a última cena da esquadra), confirmando assim que não desejou fazer um filme diferente. Se quisermos, este é um filme tipicamente Woodiano, ou Alliano, ou lá o que quiserem: ou seja, um filme sobre a filha-da-putice que é a condição humana. Com duas pequenas, pequeníssimas, grandes diferenças: aqui, Nova Iorque é substituída por Londres, e o Jazz é substituído pela Ópera. Todas as diferenças que quisermos encontrar neste último opus do realizador americano nascem destes dois novos factores. Imaginem o mesmíssimo plot de Match Point, mas passado em Nova Iorque e banhado pelo Jazz. E descobrimos o velho e conservador Woody Allen. Enfim, vou dormir.
P.S.: Nota prévia: este PS está apenas reservado a quem já viu o filme. Se ainda não o fez, não prossiga. Está avisado. Depois não diga que não o avisei.
Ora bem, dizia, P.S.: O pormenor de Woddy Allen ter vindo fazer um filme à Europa onde decide assassinar, à queima-roupa, a única personagem americana não deixa de ter a sua graça.