quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006
«Paixão correspondida»
Num cartaz publicitário, a BMW (acho) promove um dos seus últimos modelos usando a expressão «paixão correspondida». Percebo que quando se trata de comprar um carro, interessa colocar em jogo um certo nível de irracionalidade e que, portanto, se tenha optado pela palavra «paixão» e não pela noção de «amor». Mas creio que a ideia é inválida: «paixão correspondida» é uma contradição nos termos. Uma paixão nunca pode ser correspondida. Pode acontecer que uma paixão coincida com outra, mas esse caso constituirá um acontecimento felicíssimo, um acaso altamente improvável: uma paixão não se retribui nem necessita de retribuição. Pode aceitar-se, pode tolerar-se, pode ignorar-se. Ou pode reconhecer-se o sentimento é mútuo. Mas nunca se poderá tratar de um fenómeno de causa-efeito. A BMW não sabe o que diz.