terça-feira, 29 de agosto de 2006
A minha ignorância é avassaladora
Lyonel Feininger, american-born german cubist / expressionist painter (notar como adiro a cada uma destas palavras), pintor que fez o obséquio de se manter desconhecido à minha pessoa, até ao dia de hoje. Há um extremo bom gosto nestas obras, que aparecem sem pretensão. As formas limam-se num esforço de abstracção que se quer incompleto, para que não se abra lugar à interpretação. Sim, isto é bastante mais «cubista» que «expressionista», mas um cubismo talvez naïf, pré-cubista em consciência, que deve mais a Cézanne do que a Picasso e Braques. Não há nada aqui que surpreenda ou inove, mas tudo é admiravelmente harmonioso, o que revela uma matéria muito sabida e muito bem aplicada. Aqui, as formas são elas mesmas, apenas ligeiramente deformadas, quase a régua e esquadro, num gesto muito caro à arquitectura. Talvez não seja por acaso que Feininger tenha sido uma pedra importante na Bauhaus de Gropius, e percebe-se (por estas obras, por exemplo) a vocação pedagógica deste homem. Infelizmente a História (de arte), na busca científica da síntese, acaba por deixar para as notas de rodapé aquilo que não é essencial, como este professor Feininger. Podia ficar aqui a noite toda a colar obras do tipo. Acreditem. Já ganhei o dia.
(Acabei de descobrir que esta imagem é um pormenor de uma obra. Quero lá saber. Este tipo resiste até à descontextualização. Deve ser isto que a Susan Sontag queria.)