terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

A arquitectura sopa de letras

Portugal precisava de mais gente como Nuno Portas, e a arquitectura de hoje precisa certamente de mais gente como Nuno Portas (ver abaixo). Há que bater mais nisto em que se transformou a arquitectura e o urbanismo, neste fenómeno tão volátil como a moda (pegar na roupa em gesto de desprezo, sff), numa sucessão de acontecimentos pifiamente vanguardistas. E o urbanismo, transformado em panfletos pós-aldeia global, manifestos que anunciam a transformação das «vias» e dos «espaços canais» devido à internet e aos telemóveis. É preciso mais Nunos Portas para nos falar das «ruas» e das «praças», dos valores que permanecem imutáveis na arquitectura (sim, porque, inacreditavelmente para alguns, também os há) e nas cidades, daquilo que tem força suficiente para ser passado de geração em geração e que, como diz Portas, constitui a linguagem e a gramática sobre a qual construímos frases para nos entendermos. Porque isto, estes «blocos» fotogénicos plantados nos verdes prados e publicados nas croquis desta vida, é uma sopa de letras que não fazem sentido, e que já começa a saber a azedo.