segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
Enfim, já me subsidiavam o blogue
O Vasco sabe que eu tenho uma esquerda fraca e vai daí joga quase todas as bolas para aí. Reconheço que a minha amostra de teatro e cinema luso é quase tão má como as das sondagens daquele tipo do Sporting que disse em directo na Sic-Notícias que «com 90% de certeza, John Kerry será o novo presidente dos EUA». E, ainda mais grave, é óbvio que não «tenho competência» para os avaliar, aliás, não tenho competência para quase nada, o que não me impede de ir fazendo algumas coisas. Impede-me, sim, e com muita pena minha, de escrever alguma coisa que se veja sobre a política de subsídios às artes. Por isso fico-me na questão das vanguardas. Vasco, quando a vanguarda é apenas uma atitude que não chega a deixar pegada histórica a questão da «qualidade» terá de surgir mais tarde ou mais cedo. E as pessoas como VPV ganham o direito de questionar a política dos subsídios. E quanto à poesia, à música e às artes plásticas, acho que o caso não é o mesmo. Primeiro, porque a quantia dos respectivos subsídios é bastante menor (penso não estar a dizer um disparate); segundo, porque felizmente apesar (ou por causa?) disso, a penetração social de cada uma delas é significativamente superior à do cinema e do teatro (exceptuando os exemplos comerciais, bastante vergastados pela crítica). A questão não é fácil, e reconheço que artisticamente há coisas boas que não são financeiramente viáveis a curto prazo, e aí o Estado pode e deve intervir. Mas num país tão pequeno como o nosso em que toda a gente é cunhada ou vizinha do outro, as coisas tendem facilmente para o livre arbítrio e para os amiguismos. Enfim, já me subsidiavam o blogue.