Quando VPV diz que uma orquestra tem de saber tocar uma sinfonia e um pianista tem de saber tocar piano, esquece os movimentos de vanguarda, que usam - na música, nas artes plásticas, na poesia - códigos incompreensíveis para o cidadão comum.
E não é vanguarda quem quer. Isso tem muito que se lhe diga, e não é bem assim. Entre o que diz VPV e o que diz Vasco Barreto não pode viver um vazio. A vanguarda só deve ser apelidada de «vanguarda» a posteriori, depois do juízo do tempo. Quem o fizer ao vivo e a cores está a cometer uma farsa, ou a expressar um desejo. É como aquela pergunta que um dia fizeram a Louis Kahn, se ele poderia explicar como iria ser a arquitectura do futuro. Ao que ele respondeu que se soubesse fá-la-ia nesse momento. Uma pescadinha de rabo da boca, um paradoxo. Temos de aguardar com serenidade, mas por enquanto estou com VPV: a generalidade do cinema e do teatro luso é uma merda.