segunda-feira, 20 de julho de 2009

Condescendência

A Chiado Editora podia ter simplesmente dito que não iria publicar A Última Madrugada do Islão porque «não lhe apetecia». Ou porque não lá ninguém gosta de ser «assassinado». Em vez disso, puxou de pareceres ao xeique e falou em «responsabilidade». Isto é condescendência. Ao temer «ferir» as susceptibilidades de uma cultura particularmente propensa a ver a sua susceptibilidade ferida, a Chiado Editora deu mais um contributo para a infantilização do Islão. Não passa pela cabeça de ninguém fazer algo de semelhante com um livro que afronte o cristianismo; seria absurdo consultar o Cardeal Patriarca ou um «professor universitário» da Católica antes de se publicar seja o que for. A ideia central aqui é a de que o «cristianismo» é suficientemente maduro para aceitar as regras da liberdade de expressão, enquanto que o «islão» ainda não o é. Tratamos os muçulmanos com pinças, com medo de ofender. Enquanto isto durar, os muçulmanos radicais continuarão a sentir-se no direito de impor as suas regras onde quer que estejam e a ver as suas posições validadas. Este tipo de atitude reforça - em vez de atenuar - a hostilização do mundo islâmico. Que, não esqueçamos, tem total liberdade de expressão na Europa, que é exactamente o oposto do que acontece com o cristianismo (ou qualquer outra confissão religiosa) nos países islâmicos.