quarta-feira, 11 de julho de 2007

Isto está muito mal

Tem sido interessante conversar com pessoas da área do centro-direita sobre estas intercalares (exceptuando os militantes do CDS, que devem estar relativamente pacificados com a opção Telmo Correia, e que até têm razões sólidas para votar no candidato - as salas de chuto, os grafitis, a vídeo-vigilância, tudo argumentos que apelam ao voto do conservador). Ninguém sabe em quem votar, todos ameaçam o branco. Sentem-se órfãos e a precisar de mama. O mais curioso tem sido observar as razões que invocam para ter mais simpatia (ou, neste caso, antipatia) por A ou por B. Quase sempre são baseadas em preconceitos ou impressões de carácter. Nunca têm a ver com o programa ou com as ideias. Não ir com a cara de um candidato parece ser a razão mais sólida para não se votar nele. Quando falo em António Costa (conto deixar até ao fim da semana - de preferência no dia de reflexão, em protesto - a minha declaração de voto) a reacção é sempre epidérmica: «não gosto dele», «fala mal», «tem cara de -censurado-», «é socialista», «arrogante», «mau ar», «má pessoa», «deve cheirar mal da boca». Percebo. Ninguém tem paciência para ler programas ou ideias e, fundamentalmente, ninguém acredita neles. No fundo quer-se uma cara que seja da nossa confiança, do nosso bairro, um conhecido. Isso é pena. Com estes critérios de escolha não admira que os políticos menosprezem as campanhas e as ideias. Pura economia de oferta-procura.