segunda-feira, 14 de julho de 2008

A favor de Mainardi

O Ricardo Gross faz aqui uma coisa que me agrada, e que é a todos os títulos deontologicamente reprovável (as coisas deontologicamente reprováveis têm geralmente um potencial de me agradar muito alto): diz, sem papas na língua, que o romance de Diogo Mainardi é «aconselhável» sem o ter lido e, pior, sem ter lido qualquer romance de Diogo Mainardi. E porque é que isto me agrada, que no fundo é toda a razão de ser deste post? Porque revela um preconceito do tamanho do talento de Mainardi (sim, eu também sou fã de Mainardi), um preconceito que elimina à partida qualquer objectividade na análise aos reais méritos da obra. E, realcemos, a obra tem tudo para fracassar: é provável que o Mainardi romancista não seja tão bom como o Mainardi cronista, e sobre isto estou disposto a meter 10 euros. Apesar disto, gosto de ver uma declaração pública como a que faz Gross, que não é mais do que um comprometido agradecimento a quem nos deu tanto. Em troca do prazer que são as crónicas de Mainardi, a gente vem para aqui dizer que os seus romances são recomendáveis, e não é agora que vamos começar a demonizar a publicidade. Isto é bonito, isto é digno de reprodução: também eu recomendo vivamente Contra o Brasil, a favor de Mainardi, e ai de quem diga o contrário.