a) O Estado (seja através do IGESPAR ou das câmaras municipais ou de outros) tem a obrigação de defender o interesse público.
b) O Estado identifica o «património» como interesse público e traça uma estratégia para o proteger.
c) Essa estratégia passa por obrigar privados a investir em edifícios velhos e a manter os seus sistemas construtivos e as suas tipologias porque elas são de «interesse público».
d) Os investidores, cuja missão é colocar no mercado produtos que correspondam à expectativa do mercado, não gostam destas imposições e recusam-se a investir, porque percebem que o mercado não vai aceitar apartamentos de 350 m2 com duas casas-de-banho, nem T3 com 60 m2, apenas porque em 1890 essas eram as tipologias que o mercado pedia.
e) Este confronto revela uma incompatibilidade entre aquilo que o «mercado» quer e o «interesse público»: o «interesse» é «público» e «abstracto», por oposição ao «mercado» que será «privado» e «concreto».
Quem acha normal a existência desta incompatibilidade está a fazer uma declaração ideológica, está a impor uma determinada visão em detrimento de outra, está a considerar o «interesse público» o resultado de uma avaliação necessariamente muito estrita e sem adesão colectiva.
Se o Estado está verdadeiramente preocupado em resolver a questão da degradação do património, tem de fazê-lo com a ajuda dos privados, não contra eles. Não perceber isto é insistir numa atitude terceiro-mundista.