Apetece(u)-nos fazer algo impossível: perdermo-nos intencionalmente. É fácil de explicar o porquê da impossibilidade da coisa. Imaginemos a situação, quero perder-me. Ora, se é uma vontade explícita a sua realização é um objectivo atingido. Ou seja, chegado o momento em que poderemos dizer estamos perdidos, estaremos exactamente onde gostaríamos de estar, isto é, num sítio desconhecido e estranho. Logo não estamos perdidos, porque estamos onde desejámos estar. Parece-me claro.
Acontece que nos perdemos. Algumas vezes, dentro do possível, já que Veneza é demasiado pequena para o acontecimento. Rialto, o Guetto Judeu, a fondamenta nuove, e depois o desconhecido, até que se descobre a proximidade de San Marco, onde alguém conhecido estava realmente perdido, à procura do caminho para a biblioteca. Para trás ficaram alguns locais que se reconheceram mas que não seria possível descobrir por decreto.