Já refeito das comemorações intensas que varreram o país de norte a sul a propósito da restauração da independência, é tempo de encarar a verdade: o país acabou. Portugal, o rectângulo à beira-mar plantado, acabou. Melhor: desistiu de existir. Não vejo nada que nos possa salvar. O sistema político já não faz sentido. O governo é incompetente, mas o presidente consegue estar à altura. O povo diz mal. Todos falam deste país, como se falassem de um familiar incómodo. Os portugueses não gostam de Portugal. Paciência. Os ingleses gostam, o mercado equilibra-se. A Europa está a chegar para restaurar a ordem e o progresso. Durão veta na Comissão as suas próprias iniciativas enquanto primeiro-ministro de Portugal. Haja esperança. O país está a chegar ao fim. Respiremos de alívio. Não falta muito.