Hoje, na imprensa, dois artigos sobre a Igreja. Comparem-nos. Reparem na amargura deste tipo e na esperança deste.
Não sei se devia continuar a dar destaque a César das Neves. Não é bem destaque, porque eu não dou destaque a ninguém, mas é talvez dar importância pessoal. Se o faço é porque vejo nesta figura muitos daqueles com quem tenho partilhado experiências religiosas, e que são em grande parte culpados por um afastamento cada vez maior. É uma Igreja amargurada, ressentida, intolerante, sem capacidade de absorver o mundo que a rodeia, resistente, orgulhosamente só, que cultiva, sem pudor, o argumento do poucos mas bons, que diz (como eu já ouvi) «a nossa religião é melhor portanto devíamos convertê-los a todos», isto numa conversa sobre o Islão. Estou a confundir muita coisa? Estarei. Não me importo. Não quero deixar aqui nenhum ponto específico, não quero provar nenhuma tese. No fundo o que sinto é desilusão. Desilusão que me deixa muito perdido. Digo-vos, é muito duro ser confundido com estes tipos, que se apropriam de um modo obsceno do conceito de democracia-cristã. Sou democrata, sou cristão (por enquanto), mas corro o risco de deixar de ser ambas se isso tiver que significar uma partilha de ideias com quem deste chavão se apropria. Já me desviei. Só quero acabar com um apelo: não leiam o César das Neves. Disse.