quarta-feira, 30 de março de 2005
Apanhados
Na RTP-Memória, há minutos, Joaquim Letria entrevistava Nuno Portas. Corria o ano de 1987 e o tom era de queixume: a "lei trata mal os arquitectos", os "emigrantes não têm culpa", a "rua e a praça desapareceram para dar lugar aos espaços verdes", "já não se fala de casa nem de edifício mas sim de bloco", é a "cidade paliteiro". Até houve tempo para uma intervenção de um estudante que se queixava do "afastamento entre o ensino e a prática", dizendo que os "jovens arquitectos são desenhadores durante 10 ou 20 anos", que trabalham para "arquitectos já ultrapassados", que isso é muito "prejudicial" e que são tudo "questões que atormentam os estudantes". 1987, lembro, portanto imaginem o que tinha esta gente vestido (no entanto, e há que fazer a vénia, o Pedro Brandão estava igual a si próprio.) Nuno Portas fez o paralelo entre o Portugal provinciano ("não que eu seja daqueles que acham que lá fora é que é bom") e a Europa evoluída (Paris, Barcelona, Milão, Madrid), onde se faziam (na altura) "intervenções amorosas na cidade" (sic). Um grande abraço de obrigado ao responsável pela programação da RTP-Memória.