domingo, 10 de maio de 2009
Sei que sou
Nos antípodas emocionais de Summer of '69 está outra das presenças assíduas nas bodas, Serafim Saudade, uma epopeia pimba que versa sobre uma vida dura que deu em final feliz e que arranca, logo a abrir, um verso impossível: «Aqui estou e na verdade sei que sou o que sonhei». É um verso impossível porque só aos simples admitimos a sinceridade de serem aquilo que sonharam; nós nunca seremos aquilo que sonhámos, nunca admitiremos que os nossos sonhos sempre foram assim tão modestos. Exige-se, ao menos, ambição nas ambições. Faltará sempre qualquer coisa, qualquer conquista, qualquer triunfo que nos impedirá de vestir a peruca e sair cantando aqui estou e na verdade sei que sou o que sonhei. Mas gostávamos, ó se gostávamos.