quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005
A insónia inútil
Tão inútil que nem me serve para escrever um post de jeito. A sério que tentei. Falar da noite, da escura solidão, da tormenta que é não conseguir dormir e não saber porquê. Fico a pensar em demasiadas coisas, nenhume delas suficientemente importante para, por si, justificar o estado de alerta. Mas juntam-se, qual conspiração clandestina, e formam o exército das questiúnculas, relativamente pequeno mas determinado. Uma força resistente que tem a ajuda dessa arma de destruição massiva, o café bebido às seis da tarde. A ser pretensioso diria que o que me sobressalta é a memória da sessão de hoje do É A CULTURA, ESTÚPIDO, e o cenário bastante deprimente traçado por José Gil. Deprimente porque não é agradável não se gostar do próprio país. É normal, até saudável, perceber que há muito a fazer e que a nação tem, provavelmente, mais defeitos que virtudes. Mas gosto de pensar que há uma reserva de ternura por este sítio, pelas relações que aqui se desenvolveram, que nos impede de querer pegar fogo ao país. Isto sou a eu a ser pretensioso. Como se a filosofia, ainda que best-seller, me tirasse o sono. Top de vendas que justifique uma noite em branco só mesmo ilustrado com senhoras de nome duvidoso. E insónia mesmo recompensadora não é passada numa cama solitária. Mas isso já é outra conversa. Obviamente estou a pensar em ti.