(...) Ratzinger é um defensor da "fé clara" (perigosa figura de estilo) e o seu antimodernismo é inquietante. Para afastar o relativismo, o niilismo, o individualismo, Ratzinger rejeita em bloco a modernidade e o que esta representa. Mas o mundo moderno não nos trouxe só egoísmo, materialismo e outras doenças. A este mundo também pertencem a ciência, a medicina, os direitos individuais, a diversidade, a tolerância, a heterodoxia religiosa, a autonomia pessoal, o cepticismo. Se Ratzinger estiver contra tudo isto, será mais o Papa de uma minoria do que o Papa de todos os católicos.
Bento XVI e a modernidade, Pedro Lomba
(...) Evidentemente, houve muita gente que ficou contente com o nome do novo Papa. Os católicos mais fervorosos e o Opus Dei rejubilaram. Os ateus e os agnósticos que votam à direita e que entendem que a função da Igreja é disciplinar o rebanho e levantar o estandarte dos valores ocidentais adoraram. E os católicos obedientes, que aceitariam até se o anel de pescador fosse enfiado no dedo de um guarda suíço, acataram e aplaudiram.
O pastor alemão, João Miguel Tavares