Nos projectos expostos é capaz de dar exemplos de citações premeditadas?
Não! Em geral, no processo de projectar, o que depois se verifica ser referência, não nasce como uma citação. O que sucede é que a nossa cabeça está cheia de imagens e elas acorrem espontaneamente. Acontece é ao contrário. De repente, algum crítico comentar "Isto é uma referência a tal"; e eu dizer: "Ah! Pois é! Nunca tinha pensado nisso". Porque o processo de projectar, no início, faz-se de forma muito global, quase nebulosa. Portanto, o que vem de referências não é citação; é a carga que tem o nosso computador pessoal e intransmissível.
Álvaro Siza Vieira, em entrevista ao DN
Interpreto estas pelavras como um subtil e inteligente elogio à crítica. Subtil e inteligente, como quase tudo o que Siza faz.