quarta-feira, 6 de abril de 2005
Isto também dava uma boa cabana*
O jovem Álvaro, então com pouco mais de vinte anos, trabalhava no atelier de Fernando Távora, seu professor de quinto ano (deu-lhe 20, suplantando assim o seu próprio 19, até então a nota mais alta da faculdade de arquitectura). Távora foi ao local, passeou entre as pedras e escolheu o sítio: é (será) aqui. Voltou para o atelier e indicou ao Álvaro, na planta, onde seria: «aqui, vês?» O Álvaro viu. E começou a desenhar, poisando-se entre as pedras que se ofereciam, contornando as que se impunham, escavando onde o deixavam. Távora ia vendo, ia acompanhando. Quando o projecto foi entregue, a assinatura que lá se encontrava era a de (inevitavelmente) Fernando Távora. Mas Távora foi o primeiro a, desde a primeira hora, negar a autoria da criação. Com esse gesto tornou-se no primeiro a reconhecer o génio que hoje, passados 50 anos, é evidente aos olhos de todos. Um dia, um dia, hei-de copiar (bem) esta obra.