Os chineses têm aquela maldição insólita: «Que vivas em tempos interessantes», sabendo que os tempos desinteressantes são os únicos que permitem alguma paz de espírito. Não sei se isso é mesmo assim, porque todos os tempos são interessantes e desinteressantes (depende dos assuntos e dos gostos); e porque a paz de espírito só está ao alcance de um escasso número de pessoas inteligentes (e de uma multidão de estúpidos).
Eu vivi os meus «tempos interessantes» (os da maldição chinesa) entre 1993 (Agosto) e 2006 (Setembro). Entre o fim da adolescência e a entrada definitiva na idade «adulta» (imaginemos que), com uns grandes intervalos lúcidos pelo meio. Anos extraordinários mas extenuantes. Com muito delirium tremens, muita incerteza, muito telefonema tremendista, muita bolsa lacrimal e papila gustativa, muito descarrilamento, muita interpretação apressada, muita metáfora, muita valsa lenta e alegria breve e canções diante de uma porta fechada. (...)
Tempos Interessantes, Pedro Mexia, sugiro a leitura do texto na íntegra.