«(...) O autocarro ateu não faz sentido porque o único ateísmo lógico é necessariamente passivo, defensivo, sempre vigilante, mas no limite apenas pontualmente reactivo. Só não seria assim se fosse possível provar não a inexistência de Deus, mas a possibilidade de o homem viver sem religiões. Ora, a História e a Psicologia dizem-nos já que tal não será nunca possível. Nem o mais fervoroso crente na engenharia social como ferramenta de transformação do homem pode defender tal cenário. Sendo assim, o ateísmo pró-activo, mais do que patético, é sobretudo contraproducente, porque funciona como uma simples caixa de ressonância que reforça o peso das religiões dominantes ou então cria brechas para que apareçam outras seitas, tendencialmente piores. Pois bem, entre Policarpo e aquele aldrabão da Igreja do Reino de Deus, prefiro Policarpo. Correndo o risco de passar por arrogante, isto parece-me mais ou menos óbvio.»
Vasco M. Barreto