quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
O homem-a-dias
Fomos educados a desvalorizar a política e o resultado está à vista: se a ideia democrática de que qualquer um pode chegar a primeiro-ministro é bonita, na prática as coisas complicam-se. Achamos que «são todos iguais» e que tanto faz estar lá um como outro. Não vamos votar ou votamos mal. Votamos com os motivos errados. Um país sem uma cultura democrática forte que crie as condições para que sejam os melhores a lá chegar, que se deixa adormecer num marasmo colectivo e que se demite de procurar a honra entre os homens, arrisca-se. Um eleitorado que não vê para além das máscaras, que, arrogantemente, se dá ao luxo de não prestar cavaco, arrisca-se. É indiferente. É indiferente? É indiferente a mulher-a-dias que vai lá a casa limpar o pó e passar as camisas? Então porque raio será indiferente o homem (ou mulher, habituem-se, ou mulher) que dá a cara pelo país? Basta que vista Armani e fale como um patrão? Tudo isto é uma derrota nossa.