terça-feira, 5 de julho de 2005
Em casa de ferreiro, espeto de pau
Escolheu dedicar a sua vida a combater as violações dos direitos humanos sem (querer) perceber que estava a ser humanamente violada nos seus direitos. Visto de fora era evidente que assim era, mas visto de dentro não sobram dúvidas de que a realidade se apresentava caleidoscópica. A firmeza que advogava era-lhe de impossível aplicação. Culpava a conjuntura, os amigos tentavam desculpar-se na especificidade cultural. O último reduto seria sempre o berço e as marcas profundas do parto. Em desespero de causa desistiu de tentar fazer a diferença. Entregou-se aos pecados que sabia não serem os seus para imediatamente iniciar o processo de camuflagem e dissimulação. Ninguém poderá negar-lhe o estatuto de vítima. Como sempre.