sexta-feira, 22 de julho de 2005
Não te desgraces
Qual é o problema? É que o arquitecto é visto como um tipo que tem ideias, um criativo, alguém que propõe algo de novo. Quando assim é tudo pode ser posto em causa. Essas ideias (que afinal são na sua maioria a resolução de problemas de um modo coerente e eficaz) ficam reduzidas a propostas inconsequentes. Depois aparece o cliente, com um esquisso sem escala e sem nexo, a propor a ideia dele que, pensa, é tão válida como a do arquitecto, que traduz algumas vontades avulsas que não são submetidas a uma coerência global, porque essa lhe escapa por completo. Só da vontade de abandonar o barco e vê-lo afundar, lentamente, com a tripulação e passageiros a dançar alegremente sem a mínima noção do que se está a passar.