1. Não te passo um atestado de incompetência para comentar o que se passa em Portugal. Aliás, faço exactamente o contrário: ao reconhecer a tua condição de observador é que me reservo o direito de invocar um estatuto de ferido em combate, de veterano (apesar da tenra idade) de guerra. Enfim, do gajo a quem pode ter escapado o plano geral mas que andou lá a levar com granadas na tromba.
2. Julgo que há aqui uma confusão quanto ao que me leva à «purga de Abril». Confesso-me guilty as charged, mas alego uma atenuante: não quero apagar a memória de Abril, apenas quero limpá-la de tudo aquilo de que não é digna. Como sabemos, a revolução dos cravos não teve na sua origem nem a ideologia nem os actores que depois dela se apropriaram. Foi um dia bonito, com cravos, discursos e capitães. Pena é os Otelos e os processos em curso.
3. Posto isto, segue daqui um pedido de desculpas aos leitores do MI por andar a monopolizar a atenção do seu autor. Não tenho dúvidas que o Vasco vai rapidamente retomar prosas bem mais interessantes.
4. E, se me é permitido, saio assobiando:
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade...