Recomenda-se esta fase agostina* do Estado Civil, mormente as entradas de 22 e 23, de onde me permito destacar a seguinte, a título ilustrativo:
Os clichés costumam ser «reaccionários». Mas há imensos clichés «progressistas», sobretudo no domínio dos costumes. Um dos mais insuportáveis é este: «Não gosto da expressão "fidelidade"; fiéis são os cães; eu exijo é honestidade». Sujeito que diz isto está catalogado: é um machista progressista (também conhecido como «machista-leninista»). A honestidade é uma virtude adjectiva e não substantiva. Um canalha honesto continua um canalha. A «fidelidade» pode ter significado coisas nada agradáveis (como a submissão da esposa ao marido, etc), mas tem um núcleo positivo indiscutível. A honestidade, em si mesma, é apenas uma desculpa. E as desculpas são formas de desonestidade.
Ian McEwan também marca presença. Curiosamente e por coincidência, recentemente decidi dar início à minha fase Ian McEwan. Explico. Com Brooklyn Folies decidi enterrar Paul Auster - não que o livro seja mau, aliás, é muito bom, mas já cansa - com uma lápide catita a fazer lembrar os parentes que não deixam muita saudade mas por quem sempre nutrimos simpatia. Amsterdam, 10 euros na FNAC, 35 páginas lidas, tem correspondido. Esse McEwan tem pernas para andar.
* Apeteceu-me inventar estar palavra e o trocadilho apresentou-se-me como viável. O blogue meu, faço o que eu quiser.