sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Discriminação positiva

Nestas eleições americanas muitos têm falado sobre a necessidade de pôr fim à era de sucessivos «homens brancos» no poder. Isto tudo motivado, claro, por Obama e Hillary. O maradona, com a sua já característica eloquência, resume bem este zeitgeist: Apesar disto, defeito por defeito, olhem, que se foda, venha o preto. Ou, extrapolando para o lado da senadora por Nova Iorque, defeito por defeito, olhem, que se foda, venha a gaja. Claro que isto só podia dar no que deu: os pretos já começaram a dizer que Obama não é «black enough» (mãe branca, infância burguesa, etc.) e as mulheres também acusam Hillary de ser demasiado masculina (entre outros rumores). Nenhuma das «minorias» (na política as mulheres são minoria) está propriamente satisfeita. O que se percebe. O sonho de ver um preto ou uma mulher na presidência foi um sonho durante tempo demais, e como é próprio dos sonhos a coisa fugiu um pouco à realidade. E a realidade é esta: é importante que um preto ou uma mulher cheguem à presidência dos Estados Unidos, isso não contesto, mas para isso é preciso que provem ser melhores do que a concorrência. Não se pode fazer «discriminação positiva» para o lugar mais alto da administração, isso é próprio de lugares mais anónimos da pirâmide. E, sem essa característica definidora, o que sobra a Obama e a Hillary? É isso que está em questão e que os eleitores - apesar de americanos e estúpidos, não é? - mais cedo ou mais tarde irão perceber.

P.S: Confesso no entanto o meu fraquinho por um ex-futuro candidato que reuniria o melhor de Hillary e Obama, alguém que ganharia com duas voltas de avanço o concurso do politicamente - ou melhor, mediaticamente - correcto. Sim, Condoleezza.