quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Vida de prenha - uma série com tendência para a imortalização

Eu tinha duas opções (o tempo, o tempo, ai o cabrão do tempo): ou lia este texto do Miguel Poiares Maduro sobre as eleições americanas ou este da Rititi sobre a respectiva prenhez. Não me arrependi (apesar de ter a absoluta certeza de que o texto do Poiares Maduro é brilhante):

(...) Não há quem se resista a dar uma opiniãozinha baseada em princípios fundamentais como o empinanço da barriga, a qualidade da pele do cu, o crescimento das unhas, a posição da Lua e dos satélites de Marte em relação à folhagem do Passeio do Prado ou o resultado de uma equação que mete o número do sapato, as quartas-feiras do ano e a idade da bisavó quando engendrou o décimo filho. A ciência é fodida, mas todos sabem mais que o meu ginecologista, coitado do home, nem sei porque insisto em pagar-lhe. E não importa a relação, a intimidade, o grau de parentesco que os outros tenham comigo, sempre há alguma coisita a dizer, mais uma sentença a cagar, em voz alta, com público e à procura de outros peritos na gravidez alheia que confirmem tamanhas certezas. Se a minha barriga é redonda, é menina, e se é bicuda também, porque o importante são os tornozelos, os pulsos e o branco dos olhos, e quanto pesas já, porque estás gorda, é melhor andares muito, mas não nades que ainda tens alergias e se és alérgica ao presunto o melhor é congelar, mas pouco, ou muito, porque depende, mas as meias que sejam de grávida por causa das varizes, e as calças que não te apertem e tem cuidado com as estrias, posso tocar, e senão também toco, e não podes fazer madeixas, nem depilar-te a cera quente, nem vás ao ginásio, nem à sauna, e não comas sushi, nem ostras, e as saladas lava-as com lixívia, e vê lá se usas creme para a barriga, e que marca, e como o espalhas, que não seja o mesmo das mamas, porque as mamas, estás cá com umas mamas, ai Rititi, que grandes estão as tuas mamas, toquem toquem...
Ai, as mamas. Só o tema (e o tamanho) das mamas poderia alimentar o meu blogue (e metade do continente africano) até ao nascimento do Rititi-Boy. Mas atendendo ao que sempre foram, não entendo tamanha preocupação: era inevitável que atingissem esta dimensão de hipermercado lácteo. Meus queridos amigos/colegas/familiares em terceiro grau: não se ralem que eu não caio de boca. E até dizem que já inventaram os aparelhos chamados sutiãs que dão muito jeito nestes casos determinados. E aliás, a única pessoa interessada neste tema não só não se queixou como parece estar bastante satisfeito com a evolução da coisa.