Começo com um pecado capital: se fosse americano não sei em quem votaria por defeito, se nos Democratas se nos Republicanos. Em Portugal toda a gente parece ter o seu partido, numa divisão equilibrada: 98,456% da população portuguesa votaria no partido de Bill Clinton, sendo que o resto da amostra se divide entre o «Outro» e o «NS/NR». Passado esta minha indefinição crónica o cenário não melhora. Para 2008 não gosto de nenhum candidato, quer de um lado quer do outro. Comecemos pelo partido do burro: não me entusiasmo com Obama, que me parece demasiado jovem e utópico para ser um bom presidente; antipatizo frontalmente com Hillary, porque penso que o cinismo não é virtude em nenhuma circunstância; e Edwards não parece ser feito de presidential material, parece mais um actor convidado para fazer o papel de presidente (ainda mais do que o próprio Fred Thompson). Do lado do GOP as coisas são igualmente desinteressantes: Huckabee até pode ser simpático e sincero, mas a última coisa que os Estados Unidos precisam neste momento é de um pastor à frente do rebanho; Romney é mormon, o que o desqualifica à partida para tudo menos para carteiro, actividade onde o skill de andar de porta em porta é apreciado; McCain parece não ter pontos fracos, é claramente um homem bem preparado, mas falta-lhe tusa, a idade não perdoa; e Giuliani tem tusa a mais, aptidão que lhe tem valido uns quandos desacatos públicos.
All things considered, escolheria Giuliani por ser o candidato mais fora do baralho, um depravado num partido Bible Belt, um católico pecador, um político cujos pecados estão no cabeçalho da candidatura. E que, provavelmente, é o candidato com mais capacidades para não dividir os Estados Unidos em dois depois do dia 4 de Novembro.