segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Força Benfica
Há um conjunto de razões que me levam a perder qualquer tipo de cautela intelectual e acreditar que o Benfica pode chegar ao final da época à frente do Porto e, portanto, ser campeão. Passo a enumerar esse conjunto de razões: Jesualdo. Ontem o Porto perdeu por 2-0 em Alvalade, com dois golos na primeira parte num intervalo de tempo (notem como eu não digo «espaço de tempo», isto é que é cuidado a escrever) de 2 minutos. O resto do jogo foi passado a ver os jogadores do Porto a tentar marcar um golo, perante um Sporting que não se mostrou incomodado em dar a iniciativa ao adversário. Um caso típico, até o Rui Santos conseguiria perceber que em nenhum momento a vitória do Sporting esteve em risco. No entanto, Jesualdo não conseguiu. Disse que era um resultado «mentiroso»; que o Porto só não ganhou porque o Sporting teve «sorte»; que «toda a gente viu» que o Porto foi «superior», «muito superior»; que este jogo deu ainda mais «confiança» à equipa; etc; etc. Há aqui uma demência patológica que se assume na forma de um autismo latente que é, de certo modo, triste e confrangedor (reparem, mais uma vez, no cuidado: «confrangedor» e não «constrangedor», um erro típico). Ali temos um homem que lidera, que vai à frente, mas que vive aterrado com a hipótese da derrocada, que está consciente das suas limitações e que vive permanentemente a convencer-se que elas não existem. Jesualdo adormece todas as noites atormentado com a hipótese de ser apanhado em falso, que lhe vejam a careca ou a breguilha (esta tive de ir ver ao dicionário) aberta. E acorda, inevitavelmente, a olhar para o espelho e repetir o mesmo mantra: «és o maior, és o maior, és o maior». Foi isso que se viu ontem no final do jogo: um homem sem calças, exposto, a dizer: «sou o maior, sou o maior, sou o maior e ai de quem diga o contrário.» Enfim, estamos a 8 pontos e somos o melhor ataque do campeonato, mesmo com o Nuno Gomes, que é uma espécie de avançado mas ao contrário.