O Vasco acha que não devemos convidar D. José Policarpo para as nossas universidades porque não somos obrigados a ouvir coisas destas:
«Todas as expressões de ateísmo, todas as formas existenciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade...»
É uma escolha. Não somos obrigados. Isto, note-se, nas universidades, locais de conhecimento e debate. O que eu duvido é da coerência desta atitude na eventualidade de uma igreja ou instituição religiosa banir ou recusar-se a ouvir, por exemplo, Hitchens, porque este tem afirmações deste teor:
«Todas as expressões religiosas, todas as formas existenciais de afirmação e crença em Deus, continuam a ser o maior drama da humanidade...»
Julgo que a «tolerância democrática» não duraria nem dois minutos. D. José Policarpo não é um analista. É um homem de fé. E para um homem de fé não há força mais destrutiva do que a negação de Deus. Não há volta a dar. A chave, Vasco, a fonte das tuas inquitações, está no conceito «Deus». O ateu não se encontra com o crente porque não falam da mesma coisa. Se falassem, o mundo estaria salvo.
P.S.: Outro motivo para o desencontro é este ânimo sobre todos os pecados dos crentes, numa tentativa de provar - empiricamente e sem margem para refutação - a falta de autoridade moral dos moralistas, que se revela no episódio do bom samaritano que ilustra o post. A religião - o cristianismo - não é um programa da Oprah. Somos pecadores e só um lunático o tentaria esconder. O argumento moral não necessita de um exército de praticantes para se fazer valer. É um autoridade em si mesmo.